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Mercado de imóveis de luxo cresce no Brasil e preços passam dos R$ 40 milhões
Segundo especialistas e empresários do setor imobiliário, a demanda por residências de super luxo, luxo e alto padrão pela população de alta renda vem em uma trajetória crescente desde a pandemia, puxada pela procura por imóveis maiores e que fossem propícios para o home office.
E a leitura é que o segmento segue aquecido, agora que as pessoas voltaram a migrar para os grandes centros empresariais com a volta do trabalho híbrido ou presencial.
Dados recentes da Brain Inteligência Estratégica, por exemplo, apontam que o lançamento de imóveis de luxo e super luxo aumentou 39,2% no primeiro trimestre deste ano em comparação a igual período de 2022, com mais de 2,5 mil unidades no período.
O número ainda é baixo quando comparado ao total de lançamentos no país nos três primeiros meses deste ano, de mais de 31 mil unidades. Ainda assim, o dado representa um forte crescimento da participação do setor no volume de lançamentos, que registrou 7,8% nos três primeiros meses de 2023, ante os 4,6% vistos em igual período do ano anterior.
Vale ressaltar que o mercado considera como alto padrão aqueles imóveis que possuem ticket médio entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão, que tenham design diferenciado e acabamentos mais nobres — com materiais de maior qualidade, como mármore, granito, ônix, entre outros.
Já os de luxo são aqueles que custam entre R$ 1,5 milhão e R$ 3 milhões, enquanto os de super luxo tem preço acima de R$ 3 milhões.
O g1 foi visitar alguns imóveis de alto padrão, luxo e super luxo que existem na capital paulista. Com metragens de aproximadamente 100m², 250m² e 770m², respectivamente, as unidades têm valores que variam de R$ 1,2 milhão a cerca de R$ 45 milhões.
Oferta limitada e demanda aquecida na alta renda
Apesar do avanço que o segmento de luxo e alto padrão demonstrou na pandemia, puxado pela procura por imóveis mais propícios ao home office, especialistas e empresários do setor destacam que são vários os fatores que colaboram para que o segmento continue crescendo mesmo em momentos de crise econômica.
O primeiro ponto, por exemplo, é a oferta mais limitada de imóveis que se enquadrem nessas categorias.
“Em São Paulo, por exemplo, vemos que a oferta de apartamento de alto e altíssimo padrão é muito baixa. E quando você tem uma oferta limitada e uma alta procura, aquele produto se valoriza. Essa combinação de fatores faz com que esse tipo de apartamento seja mais valorizado”, explica o diretor institucional e de atendimento da Lopes, Cyro Naufel.
O executivo conta, ainda, que apesar de os imóveis de luxo terem uma proposta mais “nichada”, o setor continua a “brilhar os olhos” das incorporadoras que, diante da alta inflação dos últimos anos e do aumento dos custos da construção, viram o segmento como uma saída para diminuir a pressão nas margens de lucro.
Esse cenário de crescimento também reflete o poder aquisitivo do público-alvo desse setor. De acordo com o diretor da Coelho da Fonseca, Luiz Coelho da Fonseca, a imobiliária registrou meses com um forte crescimento de vendas neste ano, puxado principalmente por imóveis que custam R$ 10 milhões ou mais.
O imóvel de altíssimo padrão é o que está vendendo mais e isso acontece porque esse cliente [que busca esses empreendimentos] é o menos impactado nas grandes mudanças [econômicas]”, diz o executivo.
Compra ou aluguel?
Ainda de acordo com especialistas, a maior parte do público de alta renda que busca por empreendimentos desse tipo quer comprar o imóvel.
"É um público muito exigente, não apenas com a localização, mas também com o que o prédio oferece e qual o arquiteto que está por trás do empreendimento. Durante a pandemia até vimos parte desse público migrar para o aluguel em condomínios de luxo, mas esse cenário já deu uma arrefecida", afirma o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França.
Agora, segundo Liz Oste, corretora especialista em imóveis de luxo da Inmy, "são mais raras" as situações em que os clientes buscam imóveis de luxo e alto padrão para alugar.
"O mais comum nesse cenário é quando um funcionário de altíssimo nível de uma empresa precisa ficar em uma determinada região por causa do trabalho. Nesse caso, é a própria companhia que desembolsa o valor e o aluguel tem um caráter mais temporário", comenta.
Além disso, mesmo sem necessariamente precisar do dinheiro, esse público de alta renda também acaba movimentando o mercado de financiamentos imobiliários.
“A taxa de juros do financiamento imobiliário ainda tem uma vantagem contra a Selic [taxa básica de juros] nos investimentos. Assim, a pessoa não necessariamente precisa de crédito, mas pega um financiamento porque prefere deixar o dinheiro que tem aplicado no banco, rendendo mais do que ele paga de juros ao ano”, afirma Coelho da Fonseca.
Veja os bairros com com maior quantidade de imóveis de luxo e alto padrão para compra (acima de R$ 2 milhões) e locação (acima de R$ 7 mil) em São Paulo. O levantamento foi feito com base em abril de 2023, nas plataformas Imovelweb e QuintoAndar.
Moema
Jardim Paulista
Itaim Bibi
Vila Nova Conceição
Campo Belo
Brooklin
Pinheiros
Higienópolis
Vila Olímpia
Paraíso
Perdizes
Jardim América
Vila Mariana
Vila Madalena
Novos clientes e exigência por diferenciais
Por fim, outro fator que tem impulsionado o setor é o surgimento de novos clientes nesse mercado.
Tradicionalmente, os clientes que buscam esse tipo de empreendimento são normalmente homens com cerca de 45 anos – a maioria com família formada e que busca esse imóvel como moradia, e não investimento.
Segundo especialistas, esses clientes são, em sua maioria, empresários, altos executivos, profissionais autônomos ou executivos do mercado financeiro, além de um público mais jovem e diverso, vindo de startups.
Há, no entanto, um novo perfil de clientes que surge no setor. Segundo Oste, da Inmy, esse movimento acompanha o crescimento do ambiente digital no país.
“É um público mais novo, e que também é formado por pessoas que vêm da internet. Vemos blogueiros, youtubers e tiktokers, que têm ganhado dinheiro no digital e que começam a consumir produtos de luxo e alto padrão cada vez mais”, explica a especialista.
Outro ponto, destacam os especialistas, é a demanda por diferenciais. De acordo com o economista do QuintoAndar Vinicius Oike Reginatto, há uma procura crescente por empreendimentos que sejam feitos com uma preocupação com sustentabilidade, e que sejam cada vez mais completos.
“Vemos uma busca cada vez maior por imóveis que valorizem o entorno e tenham um contato mais direto com a natureza. Parcerias com arquitetos renomados e que tenham um condomínio completo, muitas vezes até lançados junto a shoppings e hotéis, por exemplo, também são diferenciais”, exemplifica o economista.
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